Quero deitar-me naquele jardim deserto, numa noite gelada, coberta pelo teu casaco, apenas a contar as estrelas.

26/02/11

Será?


Começo a pensar que a nossa corrida já terminou, que a nossa luta já teve o seu encerramento e que a nossa etapa chegou ao final.
Começo a pensar que talvez estejamos em lado opostos da vida, que já não queremos obter o mesmo e que os nossos caminhos já não são fundidos apenas num.
Começo a pensar que me estás a fugir, que estás pronto a saltar da minha vida, a revirá-la do avesso e pronto a deixares-me o mundo de pernas para o ar.
Que se passou? Que te tem acontecido nos últimos dias?
Fui eu? Fiz alguma coisa de mal? Errei sem me dar conta?
Foste tu? Deixaste de sentir o que sentias? Começaste a sentir falta de seres livre?
Eu sempre te disse que sentirias. Sempre te disse que, pssados uns tempos,terias saudades do trabalho de conquistar uma rapariga, de estar com ela uma noite e passar só umas boas horas.
Sempre te disse que terias vontade de seres, de novo, tu e só tu, sem teres alguém que te «impedisse» de fazer seja o que for.
É disso que se trata, não é?
Ouve eu não quero prender ninguém. Queres ir embora, então vai.
Arruma as coisas, devolve-me o meu coração, diz-me que acabou e não olhes para trás.
Dá-me só a certeza, dá-me só a paz de te ouvir isso, só para não me restarem dúvidas de que me queres fora do teu caminho.
Eu farei o meu, não interferirei mais nas tuas escolhas nem condicionarei o teu trajecto.
Seremos duas pessoas desligadas e sem qualquer contacto mas não me peças para esquecer(-te), porque nunca se deve pedir o impossível.
Eu, tu, nós merecemos melhor, merecemos mais do que dias a discutir, do que lágrimas que já não cabem dentro de nós e nos correm o rosto, do que corações partidos.
Portanto, se não queres, se não podes lutar mais, se já não sentes o mesmo, tens esta porta aberta e deves deixá-la bem fechada quando deres o primeiro passo no teu,e só teu, caminho.
Eu não vou prender ninguém, eu não sou assim mas se um dia, eventualmente, quiseres voltar, lembra-te do mais importante, eu deixei-te ir e da mesma forma que o fiz posso não querer deixar-te voltar, deixar-te regressar, deixar-te retornar à minha vida e devolver-te a chave do meu coração.
Porque hoje, hoje eu disse-te que já não me amavas da mesma forma e tu, simplesmente, me mandaste calar. Sabes qual foi a única coisa que me passou pela cabeça? «Quem cala consente.»
E tu consentiste, consentiste como se,dentro de ti, as dúvidas daquilo que julgavas sentir se estivessem a instalar, como se as certezas se tivessem dissipado e como se já não soubesses aquilo que realmente querias.
Tu tens as tuas decisões por tomar, as tuas escolhas por fazer, o teu caminho por traçar e a tua vida por viver.
Tu ainda tens um coração para ouvir.
Até já.

Homens, serão sempre homens.

Tu ainda nem sequer paraste para pensar porque raio estarei eu assim, chateada como tu dizes...
Mas não se trata de uma zanga ou de uma birra, como tu insistes em pensar, trata-se de desilusão e quando souberes o motivo, vais rir-te e achar que eu sou melodramática e que exagero, blá blá blá.
O cenário é sempre o mesmo, dizes exactamente as mesmas coisas, as situações desenrolam-se com o mesmo guião, como se de uma encenação se tratasse, porque contigo funciona assim, para ti está sempre tudo bem e quando não está, finge-se estar.
Eu nunca fui boa a esconder sentimentos, eu nunca soube fingir de forma exemplar e nunca consegui não deixar transparecer o que me consumia por dentro.
Sempre foste fantástico, perfeito até. Sempre me encheste de mimo e sempre me amaste o melhor que sabias.
Não é isso que estou a pôr em causa, não se trata de duvidar daquilo que dizes sentir com todas as certezas do mundo.
Trata-se de que todos os namorados passam a fase da conquista e tu passaste a tua, é como se fosse uma lei, uma norma no código dos homens e vocês nunca a infrigem, nunca a violam.
Eu faço o melhor que posso, sabes? Não sou perfeita e digo coisas que certamente te magoam, mas eu apercebo-me disso quando o faço e tento emendar as coisas.
Tu sabes, eu não lido bem com pedidos de desculpa, não sei lidar com o facto de ter que pôr o meu orgulho de lado e custa-me horrores deixar a teimosia e dar por finalizado o braço de ferro.
Mas eu escrevo-te.
Eu escrevo-te as palavras que te devia dizer e mostro a toda a gente que, apesar de certas (mais que erradas) atitudes, eu te amo, com tudo aquilo que tenho.
Eu escrevo-te e tento fazê-lo o melhor que sei, faço para que me perdoes as más e cruéis palavras que fora jogo e que por vezes te doem e custam ouvir.
E ás vezes, escevo-te só porque quero adormecer, nessa noite, depois de te ouvir dizer as coisas bonitas que fazes questão de que eu ouça, tal como pensei que seria na quinta-feira passada.
Mas ao contrário de todas as outras ocasiões, tu fingiste que isto nem estava aqui, fingiste que nem viste a porcaria do texto que para ti escrevi quando podia estar a fazer milhares de coisas que certamente, eram mais urgentes e mais precisas.
Percebes o que te digo? Quando te coloco à frente de tudo o resto e quando tento que mereças ser o centro total da minha vida, tu, inveriavelmente, falhas a missão, desiludes-me e acabas sem a vitória que podias conseguir.
Quando tento fazer com que as coisas corram (ainda) melhor, tu, propositadamente ou não, destróis aquilo que te queria dar, mesmo antes de o veres e apagas essas ideias da minha cabeça.
Passaste a fase da conquista e achas que já não precisas de me dizer um simples «obrigada» a nada daquilo que por ti faço.
Passaste a fase da conquista e achas que já não precisas de dares tudo por tudo para que aqui fique.
Passaste a fase da conquista e achas que me tens na palma da mão, esquecendo-te de que a qualquer momento eu te posso fugir por entre os dedos.
Querias que eu te dissesse o que se passava não querias? Aqui o tens, da mesma forma que ignoraste o motivo de toda esta discussão.
E acredita, isto não volta a acontecer porque tão cedo não volto a dar-te este valor e tão cedo não volto a colocar-te neste lugar.
E sim, I miss how close we were!

(anyway, sei que o texto está horrível, muito horrível!)

24/02/11

RP.

Não há dias normais contigo, não há rotinas que nos fazem cansar, não há velhos hábitos que por vezes de tão habituais nos passam despercebidos. Não há práticas consecutivas que conhecemos demasiado bem.
Tens um poder fantástico de tornar tudo melhor, dia após dia e ainda não consegui entender como o consegues, mesmo todo este tempo depois.
Talvez seja a forma como fazes parar tudo o resto a cada vez que sorris, talvez seja o teu olhar directo a mim que ainda me faz estremecer, como da primeira vez, talvez seja o facto de teres concentrado em ti todos os sonhos do mundo.
Os dias correm, o tempo soma-se e o amor, esse multiplica, sabes porquê?
Nós descobrimos a fórmula do amor, descobrimos os processos, as misturas e as quantidades exactas para o fazer perdurar até ao fim dos tempos.
Sabes exactamente o que fazer e como o fazer para me deixar rendida a ti, para não me dar hipótese de dizer «não», para me fazer continuar a lutar por nós, mas tu sabes...
Há momentos em que me pergunto: mas será que tu acreditas mesmo nisto? Mas será que em ti há algo que te diz que nós somos reais e verdadeiros?
as dúvidas vêm todas juntas à minha mente e apertam-me o coração com o medo esmagador a romper-me e a atravessar-me a alma e depois...
Oh depois tu vens, sorris para mim e abraças-me como se não me visses há meses, beijas-me e esse beijo ainda tem o sabor do primeiro. Ainda me faz ter borboletas no estômago e sentir uma felicidade enorme, algo como nunca antes conheci.
Pegas-me pela mão, olhas-me pelo canto do olho com o amor estampado no rosto e eu sorrio, sorrio como uma criança, porque adoro aquilo que me fazes sentir.
Estás sempre aqui, proteges-me de todas as coisas más que tantas vezes nos assaltam de surpresa, seguras as pontas deste namoro e prometes-me que amanhã tudo estará melhor, prometes-me que o pesadelo irás acabar em breve, pedes-me para ser forte, para aguentar mais um pouco, o vento levará tudo o que nos tenta destruir.
Estás sempre aqui, fazes-me soltar gargalhadas sem fim, falas-me de ti e eu falo-te de mim como nunca o tinha feito com mais ninguém, tentas dar o melhor que podes e ensinas-me coisas que não aprenderia se não fosses tu.
Estás sempre aqui, não te cansas do meu mau feitio, animas-me nos maus dias e fazes tudo parecer correr bem mesmo quando temos o mundo e a nossa vida virada do avesso.
És sempre tu, és sempre tu a não me deixar cair, a não cruzar os braços, a não desistir e a fazer com que eu continue aqui.
És sempre tu e só tu que em vez de me tocar no corpo, me toca na alma.
E por tudo isto, por tudo isto e muito mais que apenas nós sabemos, tu és e tu vais ser até ao último segundo, o "tal".

23/02/11

Porque é que me estás a ligar agora? Porque é que estás a dizer-me que tens saudades quando já se passaram anos desde que te foste embora? Porque é que vieste desenterrar assuntos que deixei guardados no baú das más memórias?
Sim, más. Tu és uma má memória, tu destruías-me o coração e rompias-me a alma de cada vez que em ti pensava, tu eras uma pedra no meu caminho e insistias em permanecer na minha mente como se ela fosse tua e tu a pudesses usar como bem entendesses.
E eu cansei-me disso. CANSEI-ME das tuas porcarias, das tuas traições, dos teus affairs pelo país fora, dos teus «volto» e «não volto», dos teus «gosto» e «não gosto», dos teus «anda» e «não anda».
Foste-te embora naquela noite de Inverno e jurei a mim própria que nunca mais te voltava a abrir aquela porta e nunca mais te ia buscar as bagagens de volta ao carro.
Jurei a mim própria que me ia libertar daquilo que em mim causavas e que nunca mais deixaria que me tocasses.
Jurei que nunca mais me sujeitava a tanta dor, a tanto sofrimento por um homem tão pequenino como tu, pequenino interiormente.
Jurei que no dia em que recebesse uma chamada tua a iria rejeitar como se de um número desconhecido se tratasse.
Jurei apagar-te da minha memória, apagar-te do meu coração e deixar que o vento levasse as recordações, que o tempo secasse as lágrimas e que a minha vida desse uma reviravolta.
Não venhas com falinhas mansas, com palavras bonitas, com representações elaboradas que já não vale a pena, meu querido. Conheço os teus truques de cor, de traz para a frente até, já me sei proteger das tuas armadilhas e já sei derrotar as tuas tácticas quase infalíveis.
Eu não sou mais a menina ingénua que deixaste sozinha nesta casa, agora, eu sou a mulher, a mulher que tu de mim fizeste
Agora, agora sou eu quem comanda o jogo e eu estou a dizer-te: GAME OVER!

20/02/11

Não vás


Não, por favor, não vás agora. Não, não me deixes. Não partas já quando ainda temos tanto para viver em comum.
Amor, não sigas outro caminho senão o nosso. Espera mais um pouco, o tempo vai-te mostrar que o teu lugar é aqui, que o teu lugar é comigo.
O tempo vai-nos apaziguar, vai-nos acalmar e vai-nos fazer perceber que nós não podemos desistir.
O tempo vai invadir-nos de recordações de tempos felizes, de momentos que não se apagam nem mesmo séculos depois.
Então não vás. Deixa-me explicar-te o sucedido, deixa-me contar-te a minha versão dos factos, deixa-me dizer-te que foi apenas uma ilusão infundada da tua mente, deixa-me dizer-te que não tens razão para esses ciúmes, os olhos ás vezes enganam-nos e atraiçoam-nos, sabes?
Não, por favor, não digas que acabou algo a que nós ainda mal vimos o princípio.
Eu continuo aqui, não grites como se eu estivesse longe e não te pudesse ouvir, não tomes decisões precipitadas e não digas coisas de que provavelmente te irás arrepender amanhã.
Não, não tires as roupas do armário e não me perguntes quando poderás voltar para vires buscar as tuas coisas.
Senta-te e ouve o nosso silêncio, deixa que os nossos corações comuniquem por si só e resolvam toda esta confusão, visto fazerem-no melhor que ninguém.
Percebes o que aconteceu agora? Percebes que eu nunca faria algo que pudesse eventualmente magoar-te? Percebes que eu falava a sério cada vez que te dizia que não havia mais ninguém para além de ti?
Beija-me de novo, diz-me que este pesadelo já teve o seu fim e que tu não vais embora, não vais abandonar tudo aquilo a que tanto nos prendemos.
Agarra a minha mão, olha-me nos olhos e diz-me o «amo-te muito» que já me traz instantaneamente o sorriso ao rosto.
Guarda estes momentos, estes breves instantes de calma e de serenidade, de amor, na tua alma e no teu coração, de onde nunca nada nem ninguém os poderá tirar.
Não tenhas medo, não digas que estás inseguro, eu sou apaixonada por ti, desde os primeiros tempos e algo em mim me diz que isso não vai mudar.
Não recues, não ergas as barreiras para mim, deixa-me cuidar de ti tal como de mim cuidaste, tantas vezes.
Deixa-me adormecer com a cabeça no teu peito, na escuridão do nosso quarto, só a ouvir o teu coração bater.

Amores esquecidos


É mesmo isto que queres? Estás certo de que estás a fazer o que é melhor? Não te vais arrepender daqui a uns tempos?»
Disse-te isto quando te vi abrir aquela porta, com as malas por uma mão, pronto a virar as costas a tudo o que juntos tínhamos vivido.
Diz-me como poderás ter feito isto? Diz-me como diluíste o sentimento que nos unia? Diz-me como apagaste as memórias que o tempo não desgastou?
Eu não percebo, sabes? Eu não entendo o que aconteceu e não encontro uma explicação para aquilo que fizeste e isso, isso foi o pior.
Tu fugiste ás minhas perguntas, evitaste esclarecer as minhas dúvidas e foste.
Eu não apaguei as luzes da nossa casa naquela noite, eu não dormi, não saí de ao pé da porta e não tirei os olhos do telemóvel nem por um segundo.
Dizem que a esperança é a última a morrer e a minha ainda se mantinha e ainda me fazia achar que tu ias voltar, dizendo que tinha sido tudo um engano e mais uma armadilha que a via nos pregou.
Esperei por ti durante meses a fios, vagueei pelas ruas desertas achando que ia encontrar-te em busca do caminho para casa.
Sentei-me no banco de jardim onde te vi pela primeira vez, confiante de que seria lá que irias quando sentisses saudades.
Esperei por ti um ano, sim, durante um ano. Foi um ano á espera do regresso nunca acontecido, da volta nunca feita, do sonho nunca concretizado.
Prometi-te uma noite, entre lágrimas, que não me cansaria de esperar, mas cansei...
Cansei-me de me olhar ao espelho e ver que me tinha tornado num fantasma de um amor esquecido , sabes?
Cansei-me de deixar a minha vida parada por ti quando andavas sabe-se lá por onde.
E retomei a minha vida.
Foram tempos complicados.
Curei o meu coração e limpei a minha alma, sequei as lágrimas e voltei a sorrir.
Guardei as recordações num baú velho e antigo e deitei fora a chave.
Ainda te amava mas ignorava essa vozinha dentro de mim e ia vivendo dia após dia, pensando que o tempo tudo ia acalmar.
E acalmou, acalmou tanto que já não me lembrava quando havia sido a última vez que tinha pensado em ti, até que o teu nome voltou a aparecer no visor do meu telemóvel.
Congelei, sem saber se devia atender ou rejeitar aquela chamada, as pernas começaram a tremer, o velho nó na garganta tomou de novo o seu lugar, o turbilhão voltou e senti-me sem forças para continuar...
Como podes tu aparecer 3 anos depois dizendo que sentes saudades minhas e que não me consegues esquecer? Como podes tu irromper pela minha vida como se fosses o dono dela? Como podes tu aparecer a reaparecer como se tivesses deixado tudo bem quando foste embora?
Como podes tu achar que eu te iria aceitar de volta, tanto tempo depois? Tu sabes, não és mais quem foste, também eu não sou mais quem fui, também eu não sou mais a mesma.
(é fictício, gente)

19/02/11

Rui, Rui, Rui.

Acho que as relações, os namoros, os amores e desamores são espécies de jogos de xadrez.
É necessário ser perspicaz, estar atento, saber atacar mas saber-se defender. É necessário estudar cada jogada mas saber quando se deve arriscar e não pensar demasiado.
Leva tempo, exige paciência e tal como no jogo da vida, ou perdes ou ganhas. Os motivos são diversos mas não há empate, há sempre vencedores e há sempre perdedores.
Ocasionalmente, é jogado por mais do que duas pessoas, tal como acontecem milhões de vezes, em milhões de casais que se cruzam connosco na rua e aparentemente parecem felizes, fiéis.
Nós somos uma espécie de jogo de xadrez, sabes?
Eu sou a dama, a tua dama, enquanto tu és o rei, o meu rei. Temos a nossa torre, a torre que acaba por ser o nosso refúgio, o nosso porto de abrigo.
Para todos os contratempos, para todas as voltas e reviravoltas temos o bispo e o peão que com certeza estarão lá para nos protegerem de todas as quedas e para nos lembrarem de que o jogo continua, que somos as peças fundamentais, que se desistirmos e se pararmos os movimentos ali, teremos que assumir a derrota, teremos que baixar a cabeça e dizer «Nós perdemos.», e aí resta o cavalo a um de nós, para fugir dali, para evitar encontros e desencontros com o seu coração, para evitar lágrimas e dissabores, para evitar as recordações que a memória não consegue apagar.
Amor, nós não vamos perder, sabes? Nós temos tudo para vencer este jogo, para os derrotar, para os deixar boquiabertos quando nos virem subir ao pódio, ao primeiro lugar, juntos.
Temos do outro lado, o mundo pronto a jogar contra nós, a querer-nos deixar de rastos. Inteligente e perspicaz, a preparar as suas jogadas de mestre, certeiras de modo a ir deitando ao chão as nossas peças.
Mas, nós temos muito mais que isso do nosso lado. Não dizem que o amor pode mover o mundo? Então só por isso, teremos meio caminho para a vitória!
Vamos tentar jogar mais com o coração, seguir a nossa intuição, esperar que o destino faça o que deve fazer. Eu vou á frente, eu sou a dama e posso usar o tabuleiro a meu bel prazer, caminho de cabeça levantada, com a feminidade a transparecer, mas sei que estarás exactamente atrás de mim, pronto a proteger-me do adversário, dos buracos que abrir-se-ão, das armadilhas que explodirão.
E vamos os dois, a lutar por uma vitória quando mais ninguém acreditava que nós conseguíssemos.
E vamos os dois, sorrindo como se tivéssemos certezas de que tudo vai correr bem.
E vamos os dois, achando que o amor, o amor que nos une facilitará tudo.
E é verdade, facilita.
Avançamos fugazmente, unimo-nos imutavelmente, não damos tempo de percepção, não damos tempo de reacção.
Destruímos e ditamos a sentença do fim daqueles que contra nós estão, abraçamo-nos e pedimos desculpa, irnonicamente, por todos os seus esforços não terem sido suficientes para nos separar.
E agora, agora XEQUE-MATE.
Porque nós somos uma excepção, porque afinal nós fomos para sempre!

17/02/11

Homem da minha vida






Homem da minha vida
Algures no teu coração

Vais questionar-te sobre o porquê de encontrares este papel desgastado na tua caixa de correio, com uma morada estranha, surreal até, num dia que podia ser como tantos outros. Vais perguntar-te vezes e vezes sem fim o que poderei eu pretender com isto. Vais pensar e repensar, criar-se-ão nós na tua cabeça. Vais procurar por um fundamento, por uma razão e eu, tal como faço sempre, vou facilitar-te as coisas, vou abrir as tuas mãos e colocar lá a minha alma, vou expor os meus sentimentos e colocar as cartas na mesa, sem se's, sem talvez.
Quero que, de alguma forma, de algum jeito, as palavras certas e coordenadas que aqui escreverei, as frases ordenadas e organizadas, objectivamente, voem para o teu coração e te aqueçam interiormente da mesma forma que o faço nos finais de tarde gelados, pelas ruas solitárias e vazias que percorremos sempre de mão dada.
Mas tu sabes, houveram coisas que nos mudaram, que se por um lado nos tornaram mais unidos e mais sólidos, por outro colocaram-nos numa espécie de guerra aberta com o mundo, com as pessoas, com o tempo. E há momentos em que eu penso que talvez nós não sejemos tão fortes quanto isso, há momentos em que acho que as barreiras se tornarão duras, assentadas de modo a que seja cada vez mais complicado derrubá-las, é verdade, não nego que tenho medo, que me assusta saber que te posso perder, que nada é garantido e que no jogo da vida todos perdemos, todos fracassamos.
E apesar de tudo, apesar de todos os contratempos, voltas e reviravoltas, eu ainda espero, eu ainda quero...
Ainda quero arrebatar-te e encher-te de amor, mais uma vez, como se tudo fosse correr bem.
Ainda quero voltar a entrar em ti, a tomar conta dos teus sonhos, a ocupar total e completamente o teu coração, a viver lado a lado, como prometemos uma noite destas no silêncio da paixão.
Quero-te comigo, quero-te aqui, mesmo depois de ouvir dezenas de pessoas dizerem que não mereces que fique contigo, mesmo depois de conhecer o teu passado e saber o que fizeste, o que foste numa vida não muito antes desta, mesmo depois de ter o mundo a tentar descruzar os nossos caminhos, a tentar mudar a direcção das nossas caminhadas, a tentar separar os nossos corações.
Eu só peço para que as dúvidas, que tantas vezes nos assaltam a mente, se dissipem,
Para que o medo, a incerteza e a insegurança se diluam com o passar dos dias,
Para que as vozes más e firmes, coordenadas e cruéis se calem, se deixem de pronunciar.
Quero que os fantasmas sejam levados para longe de nós, quero pegar naquilo que foste e apagar essa pessoa como se não existisse mais, quero que o teu passado deixe de interferir no nosso presente e deixe de exercer qualquer influência sobre o nosso futuro.
Eu sempre soube que não seria fácil mas na verdade, eu não esperava que fosse tão duro como tem sido mas não,
Eu não vou desistir de ti, não vou seguir em frente só porque não tem «corrido tudo bem», não vou deixar-te e não vou tentar matar o nosso amor.
Não tenho dúvidas de que gostas de mim, que gostas muito até. Não tenho dúvidas de que és sincero e leal. Não é sobre isso que levanto questões e me interrogo.
A pergunta que eu coloco é: Quanto tempo mais isso será verdade? Quanto tempo mais terás vontade de continuar aqui? 1 mês? 2? 3? Talvez 1 ano?
Percebes? Quanto tempo ainda nos resta e quanto tempo ainda me resta para ser amada por ti, da forma linda, como o fazes?
É isto que me tira o sono, é isto que me assusta, é isto que me faz chorar. Uma estupidez, eu sei.
Mas amo-te de qualquer forma, r.


Sempre tua, C.

15/02/11

Tu sabes.



Pára.
Pára de uma vez por todas. Descansa só, tenta permanecer estagnado, pára.
Não forces mais o sorriso nem me beijes como se tudo estivesse bem, tudo estivesse no seu lugar.
Não finjas que o nosso conto de fadas está a decorrer sem precalços, pois, no fundo, bem dentro de ti, num lugar a que chamam vulgarmente de coração, tu sabes...
É como se nós estivéssemos a agarrar, cada um, uma das pontas de uma espécie de corda, é como se puxássemos os dois para lados diferentes, como se ambos quiséssemos coisas distintas, antagónicas, penso eu, e enquanto permanecemos neste jogo, sem finalidade alguma, não pensamos que, a qualquer momento, a nossa corda irá romper-se com brutalidade e iremos os dois, para direcções diferentes, para caminhos desiguais, para lados da vida opostos, sem qualquer resistência perante o cenário que nos foi criado, sem defesas que nos possam proteger dos estragos que o fim daquele que foi o nosso amor irá provocar.
Tu pensas nisto, á noite, quando as luzes se apagam, a porta bate, o silêncio se instala e percebes que estás sozinho? Tu não reflectes sobre aquilo que nos está a acontecer quando percebes que a tua cama é demasiado grande só para ti? Tu não achas e não temes aquilo a que as pessoas estão dispostas para nos fazer desistir daquilo que nos fez tão felizes? Quando olhas para dentro de ti, quando tentas perceber o turbilhão de sentimentos que se cruzam e interligam no teu interior, tu não vês que os nossos medos já não cabem no bolso e já não há como ignorá-los?
Diz-me, por favor, diz-me que não começas a pensar que talvez o teu lugar não seja comigo. É que é certo que de cada vez que desvias o teu olhar, evitando o cruzamento com o meu, começo a achar que essa ideia está a instalar-se e a ocupar a tua mente, levando para longe as boas recordações do nosso amor.
Diz-me que continuas com todas as certezas deste mundo de que é comigo que queres ficar, ainda que as dificuldades se vão erguendo cada vez mais altas, ainda que todas as pontes que vamos construíndo, de modo a unir os nossos caminhos sejam quebradiças, inseguras, características de viagens e caminhadas turbulentas.
Eu não quero desistir, sabes? Não quero parar agora que parecemos ter chegado tanto. Não quero largar-te e saber que não farás mais parte da minha vida. É simples e posso facilitar as coisas, posso dizer-te clara e especificamente aquilo que não conseguirás ler porque não se encontra escrito, aquilo que está subentendido, as chamadas entrelinhas. EU NÃO QUERO FICAR SEM TI!
Podias ser apenas mais um homem, é certo. Podias ser apenas mais um daqueles com quem nos cruzamos tantas vezes na rua ou com quem chocamos no supermercado.
Não contesto isso, podias ser apenas mais um, no meio de tantos outros, mas o que te torna diferente, o que te torna sagradamente diferente é o simples facto de seres tu e só tu o dono do meu coração.
Percebes o que te tentei dizer, o que te tentei fazer ver? Pára de me magoar, porque trata-se apenas disso quando queres fazer parecer que tudo está bem, já pensaste nisso?
Por favor, não finjas mais, tu nunca foste bom actor.

13/02/11

Coisas de mulheres.


Não mostres medo, não andes em roda, não contornes o assunto.
Sê clara e directa, sê certeira nos golpes que dás, sê fria e distante.
Coloca as cartas em cima da mesa e vai virando-as, uma a uma, tal como faria uma taróloga, não lhe adivinhes o futuro mas apresenta-lhe o presente que tem estado subentendido no teu sorriso forçado diário.
Não cales a tua voz e não mostres totalmente os teus sentimentos. Por dentro estarão ao rubro mas não deixes que transpareçam à flor da pele.
Não mostres que estás aterrorizada com a ideia de que ele pode decidir ficar longe de ti, sentir-te a tremer só o vai fazer querer ir mais rápido.
Tenta mostrar-lhe que o amor que sentes não é suficiente para rastejares aos seus pés e abdicares do orgulho que é ser mulher para ti.
Vira uma carta e lembra-o das noites que contigo não passou, das demonstrações do teu amor que ignorou, do enorme total de vezes que te desligou o telemóvel numa «noite de amigos».
Age com crueldade, com distância, com frieza, não deixes as lágrimas correrem pela tua cara, não deixes que as tuas pernas tremam, a tua voz terá que sair firme e terá que atingir certamente onde sabes que irá doer-lhe, que irá tocar-lhe no coração que parece ter congelado com o tempo.
Não uses metáforas, não cries enigmas e não deixes frases inacabadas, como a Margarida diz, os homens não sabem ler nas entrelinhas. Diz o que te vai na mente, o que te pesa no coração, o que te faz criar um nó na garganta.
Por muito bem que lhe queiras, ele está a provocar danos, talvez irreversíveis, em ti, está a abrir feridas em cima de feridas sem dar tempo para que estas cicatrizem.
Para ele está sempre tudo bem, para ele tu estarás sempre de sorriso no rosto á espera que ele chegue a casa a cheirar a cerveja, com batom de mulher na camisa depois de uma «noite de copos».
Não feches os olhos a erros fulcrais como este, não finjas que não vês e não ignores o facto de teres o coração partido.
A tua vida dará uma reviravolta depois daquela conversa, serão 360º de diferença e talvez consigas acordar o amor que ele sempre sentiu por ti ou talvez não.
Depois de tudo aquilo, nada mais poderás fazer, as cartas estão voltadas, em cima da mesa tens uma balança, poderá pesar mais para o sim, poderá pesar mais para o não. Não se saberá o final até veres os lábios deles abrirem-se prontos a dizerem-te o que acontecerá de seguida.
E aconteça o que acontecer, mostra-lhe sempre que a vida é dura mas tu serás sempre bem mais que ela!

10/02/11

É preciso dizer que te amo para te fazer ficar? É preciso agarrar-te por um braço e gritar aos quatro ventos que tu não podes ir embora agora que chegamos tão longe? É preciso colocar-me de joelhos e, entre lágrimas, pedir-te para não desistires, para não te dares por vencido?
Eu faço isso, eu abdico do meu orgulho e deixo o papel de Super Mulher de lado e digo-te de uma vez que tu és tudo aquilo que eu sempre quis e que tu não podes fugir desta forma?
Não sou de frases feitas, daquelas que toda a gente tem na boca, mas que faz realmente falta no coração, não sou de abrir o meu coração e dizer tudo o que sinto sem deixar de parte uma única parte de mim.
Eu não sou assim, eu tenho o meu próprio jeito (estranho, por vezes) de mostrar o quanto gosto de ti, ainda que isso te possa passar despercebido nos meus gestos, nos meus olhares e até nas nossas conversas, porque os homens não têm a capacidade de ler aquilo que queremos deixar nas entrelinhas, mas tornam-se peritos a criar-nos nós na mente com as suas jogadas, com as suas frases incompletas, com o seu jeito mortífero.
Tu conheces-me, eu não sou de correr atrás de uma pessoa, eu sou de a deixar ir e esperar que quando ela quiser, voltará, no entanto, contigo tem vindo a ser diferente.
Eu não te quero deixar ir, eu não te quero ver a retomar o teu caminho, sem mim, eu não quero contar os teus passos e não quero sentir o meu coração a quebrar-se, sem ser capaz de o recompor.
Parece-me um cliché, uma moeda de duas faces, uma faca de dois gumes expor os nossos sentimentos, falar de nós, dar a conhecer o nosso passado, as aventuras e desventuras, as quedas, as ilusões e consequentes desilusões a uma pessoa que se atravessa na nossa vida de um dia para o outro, mas foi uma coisa que tu me ensinaste a ver. Essa pessoa não é uma qualquer, é e será sempre (esperamos nós) a melhor surpresa que o destino podia ter guardado para nós.
Portanto, o que é mais preciso para te fazer ficar? Eu espero por ti todas as noites, eu ponho a água do teu duche a correr, cozinho para ti e nunca me mostro descontente.
Dou-te todo o meu amor e não peço nada em troca, porque no amor nada se pede, embora dar sem esperar qualquer retribuição seja uma armadilha que poderá aprisionar-nos nas suas redes, embora seja uma espécie de bomba que poderá não se desamardilhar antes do fim do tempo.
E quando explode, destrói-nos o coração, corrompe-nos a alma. Leva tudo o que é nosso e deixa-nos sem rumo. Transforma-nos em meros farrapos, num mero fantasma daquele foi outrora o nosso amor.
E agora? Quem estará lá para nos levantar da queda? Quem estará lá para unir as peças do puzzle e para consertar as falhas, tapar os buracos, secar as lágrimas?
Não quero que isto me aconteça, não quero que isto nos aconteça.
Não quero ver-te baixar as armas e erguer as paredes do teu mundo para mim,
Não quero ver-te de coração partido e de derrota estampada,
Não quero ver-te longe de mim.
E digo, digo que estamos aparentemente bem ainda que por dentro só nos apeteça sossegar, nos apeteça parar de lutar por um bocado e descansar, descansar da guerra que o mundo, que o tempo parece ter aberto contra nós.
Sabes, eu sinto que te estou a perder, que me estás a fugir do alcance, que estás abrir a porta do meu coração para de lá saíres e prestes a expulsares-me do teu. Sabes, eu sinto que te estou a perder e o medo já não cabe no bolso, o medo já não é disfarçável e imperceptível, o medo encontra-se reflectido nos meus olhos e nada é capaz de o mandar embora.
Sabes, eu sinto que te estou a perder e isso assusta-me.

08/02/11

O que somos nós?

E o que somos nós? O que somos nós a lutar contra o resto do mundo? que somos nós a tentar derrubar as barreiras que se erguem cada vez mais altas? O que somos nós a ouvir vozes acima de vozes ditarem-nos a sentença do nosso fim? O que somos nós a tentar provar algo que nem sequer é palpável, visível e comprovável? Eu estou a perguntar-te, o que somos nós?
O que somos nós quando o medo se apodera da nossa alma como se a ele pertencesse e nos faz questionar aquilo em que tanto acreditamos? O que somos nós quando as dificuldades que se atravessam parecem ser mais inultrapassáveis e insistem em nos aparecer á frente a cada passo?
Afinal, de que nos adianta sorrir e manter a simples aparência de que tudo está bem quando por dentro trememos de medo de que aquele instante, aquela mera fracção de segundos, seja afinal de contas, a última vez que ouvimos o «amo-te» que voa directamente para o nosso coração e nos preenche instantaneamente por breves momentos?
De que nos adianta lutar dia após dia quando o resto nos trava na luta e nos faz achar que talvez nós estejamos a fazer alguma coisa de errado, talvez sejamos nós que estejamos enganados?
De que nos adianta agarrarmos a mão um do outro quando o tempo, quando o mundo, quando as circunstâncias nos fazem largar com aquele pensamento «será o fim? será que é agora que ele vai dizer não sentir mais o mesmo?»
Eu começo a cair nestas armadilhas, a pisar as minas que rebentam mesmo debaixo dos meus pés. Eu começo a deixar que o meu coração seja uma espécie de bomba-relógio, que irá explodir a qualquer momento e a erguer as paredes para que mais ninguém provoque mais danos. Eu começo a baixar os braços e fechar os olhos como se não houvesse solução senão desistir. Eu começo a deixar as lágrimas caírem e deixar que o meu corpo descanse, algures em busca de paz, de sossego.
Eu espero que tu compreendas que eu não posso desligar-me de tudo o que me dizem sobre ti, por muito que ás vezes isso fosse o melhor.
Eu espero que tu compreendas que eu estou numa espécie de encruzilhada que a vida me colocou e que não posso simplesmente escolher um caminho ou outro porque é o que quero naquele momento.
Porque tu sabes, ou se não sabes deverias saber... Nem sempre o que queremos é o que está certo, nem sempre os amores são ditados de sorrisos, nem sempre os momentos são de felicidade, nem sempre se pode forçar um sorriso, nem sempre se pode fazer ouvidos moucos ao que os outros dizem.
Ouve, eu amo-te, eu amo-te mais e mais e eu não quero desistir agora, eu não quero abrir as mãos e deixar tudo fugir-me por entre os dedos, eu não quero virar as costas ao que tão feliz me fez, eu não quero perder-te, tu sabes isso? Tu sabes que de cada vez que eu penso em ti deixo escapar um sorriso porque sei que de alguma forma, de algum jeito me vieste completar? Tu sabes que de cada vez que as nossas mãos se entrelaçam eu ainda sinto borboletas no estômago? Tu sabes que de cada vez que discutimos eu sinto um turbilhão na cabeça e no coração e algo a quebrar-me completamente? Algo que não consigo evitar, algo que não consigo derrotar?
E é exactamente assim, que me sinto agora, e não, não tens culpa, meu amor, não tens culpa de que a incerteza e a insegurança se tenham instalado e decidir fazer-me questionar aquilo em que tanto quero acreditar, aquilo que tanto quero fazer durar.
(ao contrário dos textos, anteriormente, aqui postados, este é verdadeiro, infelizmente é real e não é ficcional.)

06/02/11

Meu querido domingo...


É assim que me encontro hoje, perdida algures por entre um livro parecido com este, a tentar saber coisas que aconteceram há milhares de anos, quando as pessoas nem sequer sabiam o que era uma cidade. E sinceramente, sem perceber porque raio haverá isto de me interessar!
O que eu faço por ti, jornalismo, meu querido jornalismo. Para talvez me fechares a porta na cara e me pôres nas filas do desemprego.
Desejem-me sorte porque preciso de, pelo menos, um 17!
Compensar-vos-ei quando me vir acordada deste pesadelo...
(o estudo deixa-me louca, se eu me encontrasse em pleno uso das minhas capacidades mentais não escrevia aqui tal coisa -.-)

05/02/11

A porta aberta

Tens esta porta aberta e é assim que a vais encontrar de cada vez que a procurares, de cada vez que precisares de te sentar junto á lareira no conforto daquele que foi, outrora, o nosso sofá, naquela paz e calma, serenidade e quietude que foram, outrora, a nossa rotina. Rotina essa que tomou conta dos nossos corações e os aquecia, quer dizer, creio que talvez seja o amor que sentimos a aquecê-los.
Eu nunca percebi ao certo porque é que cheguei a casa naquele dia e te vi com as malas por uma mão pronto a dizeres-me «adeus.».
Eu nunca percebi ao certo porque é que metade dos nossos objectos já não estavam dispostos nos lugares onde permaneceram durante todos aqueles anos.
Eu nunca percebi porque é que queimaste as cartas, rasgaste as fotografias, esqueceste o tempo de convivência, de felicidade.
Ou tu não eras feliz? Ou todos os sorrisos e gargalhadas eram meras representações hipócritas vindas do homem que eu mais amava?
Diz-me que não eras feliz e faz-me acreditar nisso porque ninguém mente, ninguém encena, ninguém finge tão bem durante anos a fio.
Eu não sei se foi outra mulher que se atravessou no teu caminho e entrou no teu coração.
Eu não sei se foi a rotina que te fez cansar e querer saltar fora do barco.
Eu não sei se tu és apenas um homem sem escrúpulos que o que quer é ter todas na mão.
Depois da frieza, depois da crueldade com que me trataste naquele final de tarde, em que deixaste as chaves pousadas no móvel, eu percebi que vivi tempos e tempos com um desconhecido.
Percebi que a pessoa que se deitava ao meu lado todas as noites não estava a cuidar de mim, como eu julgava. Essa pessoa tinha acabado de me quebrar completamente e pior, eu podia ver na sua expressão que isso não lhe importava...
Mas eu sei, no momento foi a raiva a falar mais alto, foi a incredulidade a deixar-me perplexa, foram as lágrimas a formarem-se nos olhos, o nó na garganta que não desatava e a sensação de quem levou um soco no estômago.
Liguei-te vezes sem conta e nunca conseguiste atender-me nenhuma das inúmeras chamadas. Creio que não o fizeste porque não sabias o que haverias de me dizer, não encontrarias uma razão para teres mudado de rumo, teres alternado por outra rota, teres seguido outro caminho.
Enviei-te postais de «parabéns.» e de «bom natal» durante todos estes anos sem nunca ter obtido um simples «obrigado» e vivo após todo este tempo de ausência sem saber se algum dia voltarás, se algum dia sentirás vontade de o fazer.
O que é certo, é que me tornei em meros farrapos do amor que vivemos, tornei-me um fantasma que vagueia noite após noite pela casa na esperança de te ver entrar, com as malas por uma mão,
Na esperança de que me abraces e me beijes,
Na esperança de que me digas que nunca mais me vais deixar,
Na esperança de que cumpras as promessas que fizeste,
Na esperança de que voltes a ser o homem, o grande homem que eras, que estará algures adormecido em ti.
E deixo aquela porta aberta, dia após dia, na esperança de que voltes para mim, para ti, para nós.
E perguntam-me «Não te cansas de esperar por algo que nunca vai acontecer?». Não, quem ama não se cansa ainda que sejam meros sonhos, meros devaneios da nossa alma, do nosso coração!

E se eu for...

E se eu for, procura por mim, nunca deixes de fazer, nunca desistas de me encontrar.
Revolve toda esta cidade em busca de um mero sinal de mim, põe anúncios no jornal dizendo que estás desesperadamente á espera que eu chegue, que eu volte e que decida recuar ao ponto de partida, ao nosso ponto de partida.
Por favor, procura por mim. Não te esqueças do que fui para ti, do que foste para mim, de tudo o que juntos fomos.
Se eu for, certamente, não será por mera vontade própria. Haverão motivos, haverão razões, haverão fundamentos que me levarão a tomar tal atitude, a fugir de nós, a traçar um caminho que não é o mesmo que o teu.
Mas eu sei, eu nunca irei ser feliz sem te sentir em mim a cada segundo, portanto não desistas, não cruzes os braços, não feches os olhos e suspires como se tivéssemos chegado ao final da linha, porque sabes meu pequenino? Nós nunca veremos esse final, nós nunca iremos separar-nos definitivamente, o nosso amor tornou-nos imortais, imortais ao tempo, ás adversidades da vida, ás partidas do destino, ao desgaste provocado pela distância.
Então corre este mundo, vira-o e revira-o as vezes que forem precisas até me alcançares, mostra-me que ainda me queres na tua vida, diz-me que os maus momentos irão acabar depressa e que se nós já chegamos até aqui, nós temos tudo para ir mais longe, muito mais longe.
Cola fotografias pelas ruas amargas e solitárias, pergunta aos sem-abrigos se não viram por aí uma menina de coração partido.
Não te canses, não te resignes ao nosso fim, não te sentes e não olhes para o infinito como se não houvesse solução.
Eu poderei fazer as malas e sair de casa, da nossa casa, mas mesmo assim terei plena consciência de que o meu lugar será ali, terei plena consciência de que séculos não serão suficientes para apagar o quanto juntos já fomos felizes.
Eu não posso esperar mais para passar todos os dias da minha vida, então por favor, vamos evitar, vamos evitar que a nossa relação seja mais uma dessas que por aí proliferam e que se desgastam dia após dia, até que num se desmoronem e incrivelmente, há quem respire de alívio por finalmente esse dia ter chegado. Por favor, vamos evitar tudo isto. Por favor, não me deixes ir. Por favor, segura-me junto ao teu peito. Por favor, abraça-me tão fortemente que levantes os meus pés do chão. Por favor, diz-me, diz-me que sou a mulher da tua vida e que mais ninguém virá ocupar esse meu lugar.
POR FAVOR, AMA-ME PARA SEMPRE!

02/02/11

Amas-me?

Diz-me, tu amas-me? Tu amas-me no verdadeiro sentido da palavra? Amas-me com toda a tua alma e o teu coração?
Não vires a cara quando te faço essa pergunta, não revires os olhos como se eu devesse saber a resposta e o problema fosse meu.
Não finjas, não encenes, não representes.
Diz-me de uma vez se me amas, se me amas a todos os segundos do teu dia.
Não me vires as costas e não caminhes delineando curvas no trajecto.
Dá-me uma resposta, seja ela qual for, mas não contornes o assunto, não andes em volta sem me dizeres clara e especificamente o que te vai no coração, caso o tenhas.
A tua resposta deve ser constituída por uma só palavra, apenas com três letras e mesmo que não seja aquela que eu quero ouvir, ter a paz de uma certeza será aquilo de que mais precisarei, ainda que doa, ainda que magoe, ainda que me parta o coração ouvir-te dizer que não me amas.
É melhor assim... Tu sabes disso tão bem quanto eu...
Mesmo que nos custe desligar de tudo o que juntos vivemos, tudo o que juntos construímos.
Eu ainda te amo, digo-te isso todos os dias e de cada vez que o faço tenho a secreta esperança de que me digas o «Eu também.» que o meu coração tanto deseja ouvir... Mas tu não o dizes.
Baixas a cabeça e de seguida, beijas os meus lábios de forma rápida e sem sabor. Beijas-me sem vontade, eu percebo isso e quanto mais te tento agarrar e manter aqui, mais tu me foges por entre os dedos como se fosses areia.
Já não me dás a mão quando passeamos juntos pela cidade, melhor, agora nem o fazemos. Já não insistes para nos sentarmos naquele banco de jardim, o banco que viu as nossas mãos entrelaçarem-se pela primeira vez. Já não me convidas para jantar fora só porque queres quebrar a rotina e manter viva a nossa relação. Já não te vens deitar comigo, dás de desculpa uma insónia e eu tento engolir em seco e fingir que ainda não me dei conta de que me evitas.
E porquê mantermos isto vivo desta forma? Por favor, diz-me de uma vez se queres desistir ou se vais lutar por nós, porque meu amor, eu estou cansada, eu não quero mais.
E se já não me amas, então faz as malas, leva tudo o que é teu e tudo o que possa levar-te de volta á minha memória, bate aquela porta e deixa as chaves, não me sorrias nem dês esperanças vãs. Não cries ilusões de que voltarás talvez, quando sentires falta.
Apesar de tudo, eu sei que sentirás mas vale de alguma coisa receber-te de novo para que me magoes e destruas, mais uma vez, tudo o que um dia acreditei? Não sabes mas eu digo-te: não, não vale.
Se não me amas leva tudo o que é teu e antes de deixares esta casa devolve-me o meu coração, o coração que partiste.
(Antes que mentes carregadas de imaginação se ponham com coisas aviso desde já que este texto não tem razão verídica. Obrigado!)