Homem da minha vida
Algures no teu coração
Vais questionar-te sobre o porquê de encontrares este papel desgastado na tua caixa de correio, com uma morada estranha, surreal até, num dia que podia ser como tantos outros. Vais perguntar-te vezes e vezes sem fim o que poderei eu pretender com isto. Vais pensar e repensar, criar-se-ão nós na tua cabeça. Vais procurar por um fundamento, por uma razão e eu, tal como faço sempre, vou facilitar-te as coisas, vou abrir as tuas mãos e colocar lá a minha alma, vou expor os meus sentimentos e colocar as cartas na mesa, sem se's, sem talvez.
Quero que, de alguma forma, de algum jeito, as palavras certas e coordenadas que aqui escreverei, as frases ordenadas e organizadas, objectivamente, voem para o teu coração e te aqueçam interiormente da mesma forma que o faço nos finais de tarde gelados, pelas ruas solitárias e vazias que percorremos sempre de mão dada.
Mas tu sabes, houveram coisas que nos mudaram, que se por um lado nos tornaram mais unidos e mais sólidos, por outro colocaram-nos numa espécie de guerra aberta com o mundo, com as pessoas, com o tempo. E há momentos em que eu penso que talvez nós não sejemos tão fortes quanto isso, há momentos em que acho que as barreiras se tornarão duras, assentadas de modo a que seja cada vez mais complicado derrubá-las, é verdade, não nego que tenho medo, que me assusta saber que te posso perder, que nada é garantido e que no jogo da vida todos perdemos, todos fracassamos.
E apesar de tudo, apesar de todos os contratempos, voltas e reviravoltas, eu ainda espero, eu ainda quero...
Ainda quero arrebatar-te e encher-te de amor, mais uma vez, como se tudo fosse correr bem.
Ainda quero voltar a entrar em ti, a tomar conta dos teus sonhos, a ocupar total e completamente o teu coração, a viver lado a lado, como prometemos uma noite destas no silêncio da paixão.
Quero-te comigo, quero-te aqui, mesmo depois de ouvir dezenas de pessoas dizerem que não mereces que fique contigo, mesmo depois de conhecer o teu passado e saber o que fizeste, o que foste numa vida não muito antes desta, mesmo depois de ter o mundo a tentar descruzar os nossos caminhos, a tentar mudar a direcção das nossas caminhadas, a tentar separar os nossos corações.
Eu só peço para que as dúvidas, que tantas vezes nos assaltam a mente, se dissipem,
Para que o medo, a incerteza e a insegurança se diluam com o passar dos dias,
Para que as vozes más e firmes, coordenadas e cruéis se calem, se deixem de pronunciar.
Quero que os fantasmas sejam levados para longe de nós, quero pegar naquilo que foste e apagar essa pessoa como se não existisse mais, quero que o teu passado deixe de interferir no nosso presente e deixe de exercer qualquer influência sobre o nosso futuro.
Eu sempre soube que não seria fácil mas na verdade, eu não esperava que fosse tão duro como tem sido mas não,
Eu não vou desistir de ti, não vou seguir em frente só porque não tem «corrido tudo bem», não vou deixar-te e não vou tentar matar o nosso amor.
Não tenho dúvidas de que gostas de mim, que gostas muito até. Não tenho dúvidas de que és sincero e leal. Não é sobre isso que levanto questões e me interrogo.
A pergunta que eu coloco é: Quanto tempo mais isso será verdade? Quanto tempo mais terás vontade de continuar aqui? 1 mês? 2? 3? Talvez 1 ano?
Percebes? Quanto tempo ainda nos resta e quanto tempo ainda me resta para ser amada por ti, da forma linda, como o fazes?
É isto que me tira o sono, é isto que me assusta, é isto que me faz chorar. Uma estupidez, eu sei.
Mas amo-te de qualquer forma, r.
Sempre tua, C.