Os dias somam-se, eu corro para um lado e tu ficas a ver-me correr.
Não te moves, não falas nem sorris.
Ficas a ver-te deixar-me fugir e engoles em seco e ficas com o nó na garganta, o peso no estômago e o sabor amargo da derrota na boca.
Isto era o que te acontecia se invertêssemos os papéis por uma vez na vida.
Estou tão perto de ti mas calo o meu coração e mantenho-o longe.
Mantenho-o longe e não sinto nada.
Ás vezes, queria chorar, queria gritar, queria ser capaz de te mostrar tudo o que fizeste mas é como se agora eu não tivesse sentimentos, sinto-me quebrada, congelada, sinto-me desprotegida, assustada e despida.
Hoje nem me dei conta de ter os teus olhos postos em mim e tremi tanto quando te olhei.
E custa, custa desviar o meu olhar e baixar a cabeça, porque eu quero sorrir-te, quero sorrir-te e dizer que não fomos uma daquelas histórias mal acabadas em que nada fica depois da separação.
Mas na verdade, ainda procuro por respostas, ainda faço perguntas, aquelas a que nunca respondeste, as mesmas de que sempre fugiste.
Eu quero-te ver feliz, quero-te ver bem porque eu estou a tentar recompor-me, estou a tentar reparar os estragos no coração e curar a alma, mas não sou capaz de ficar indiferente aos teus olhares, ás tuas palavras.
Elas ainda mexem, ainda me fazem tremer e ainda me fazem achar que tu merecias o meu ódio, apesar de que eu jamais serei capaz de o fazer.
Tu só queres um número para poderes ir gabar-te disso com os teus amigos e esqueces-te do valor que dava quando me diziam «Ele só diz "a minha catinha isto" "a minha catinha aquilo"».
Hoje, já nada do que faças, já nada do que digas parece verdadeiro e hoje, hoje sou eu quem corre e foge, quem cala o coração, hoje sou quem finge nada sentir.
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