Pergunto-me onde estarás tu a estas horas tardias, quando a lua já vai demasiado alta e esta escuridão apresenta o seu começo de fim.
Pergunto-me sobre quem partilhará esta noite contigo e quem te olhará, pensando em ti como sendo seu.
Pergunto-me sobre quem estará a atravessar-te a mente e quem irá aproximar-se de ti, de forma, a não resistires e a levar-te, a fazer com que cometas a tão dolorosa traição, o tal golpe demasiado baixo que é capaz de mudar, num mero segundo, aquilo que tempos e tempos levaram a construir.
Os segundos apressam-se prontos a darem lugar a minutos, minutos esses que depressa se transformarão em horas, que se somam, uma após outra, contamos o tempo e mesmo esse parece jogar contra nós e não querer fazer-nos a vontade de trazer-nos aquilo por que tanto imploramos.
Olho para o telemóvel, na vã esperança de que te lembres de mim, na ilusão de que me vais dizer o «amo-te» que me sossegará o coração, que tem estado a bater em sobressalto, que me silenciarás os fantasmas que me assaltam a mente nas noites frias e sozinhas, em que, mesmo sem saberes, me fazes questionar aquilo que vivemos.
E pergunto-me, serás tu capaz de apagar da tua memória aquilo que a mim te liga? Serás tu capaz de pensar que uma vez não fará mal e que amanhã tudo continuará no seu lugar, como se não tivesses morto o nosso amor, com esse erro fulcral, na noite anterior? Serás tu capaz de me esconder que nessa mesma noite, outra pessoa entrou na tua vida e, ainda que por uma mera hora, foi a ela que pertenceste? Serás tu capaz de fingir que nada aconteceu e encobrires o facto de que me foste infiel, ao contrário do que sempre me prometeste?
Sabes, eu quero acreditar nas coisas que dizes, quero dar valor a todas as promessas achando, interiormente, que as irás cumprir, uma por uma, quero confiar em ti, porque apesar de tudo, nunca me deste razões, nunca me deste motivos sólidos para não o fazer.
Eu faço aquilo que se encontra ao meu alcance para que tudo corra bem, eu faço o melhor que posso, ao contrário do que possas pensar.
É só que eu não quero amanhã olhar para trás e perceber que tudo se evaporou, que partes se foram perdendo nos limites do tempo, que os sentimentos se foram desgastando nas barreiras do mundo. Eu só não quero perceber que tudo foi em vão, que me iludi e que consequentemente, te transformaste numa desilusão e este amor não passou de uma farsa, de conjuntas representações envolvidas em teias de mentiras interligadas e que batiam certamente, encaixando-se como peças de puzzle, sem que me desse hipótese de perceber o teatro em que me vi incluída, como tantas outras.
Mas percebes, eu começo a desvalorizar estes pensamentos que tantas vezes insistem em me ocupar a mente, porque no fundo, eu sei, tu és apaixonado por mim tal como eu por ti, e por ti, amor.
Por ti, enfrento os medos que forem precisos. Por ti, atiro-os num poço e corrompo os fantasmas que resolverem aparecer. Por ti, não cruzo os braços, não desisto por muito que o cansaço se acumule. Por ti, corro atrás dos sonhos, do futuro. Por ti, por ti, continuo a amar-te o resto da minha vida.
Cátia. Apenas uma frase para ti. Vais ser a próxima Margarida Rebelo Pinto.
ResponderEliminarSerás tu capaz de fazer escassear palavras e palavras do dicionário para construir estes textos que eu simplesmente adoro e admiro?
ResponderEliminarCátia, de todos os talentos que poderás ter, a escrita, sem dúvida, é o que mais te caracteriza! Irás com certeza surpreender muita gente com estas metáforas que utilizas, para reforçar as ideias que tens, na cabeça. Nunca deixes de fazer do teu blog um sítio por onde eu passo e gosto sempre de parar, apreciando tudo o que ele possa conter.
Os teus textos, são dos melhores que alguma vez já li *.*
amei cátia!
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