Quero deitar-me naquele jardim deserto, numa noite gelada, coberta pelo teu casaco, apenas a contar as estrelas.

10/02/11

É preciso dizer que te amo para te fazer ficar? É preciso agarrar-te por um braço e gritar aos quatro ventos que tu não podes ir embora agora que chegamos tão longe? É preciso colocar-me de joelhos e, entre lágrimas, pedir-te para não desistires, para não te dares por vencido?
Eu faço isso, eu abdico do meu orgulho e deixo o papel de Super Mulher de lado e digo-te de uma vez que tu és tudo aquilo que eu sempre quis e que tu não podes fugir desta forma?
Não sou de frases feitas, daquelas que toda a gente tem na boca, mas que faz realmente falta no coração, não sou de abrir o meu coração e dizer tudo o que sinto sem deixar de parte uma única parte de mim.
Eu não sou assim, eu tenho o meu próprio jeito (estranho, por vezes) de mostrar o quanto gosto de ti, ainda que isso te possa passar despercebido nos meus gestos, nos meus olhares e até nas nossas conversas, porque os homens não têm a capacidade de ler aquilo que queremos deixar nas entrelinhas, mas tornam-se peritos a criar-nos nós na mente com as suas jogadas, com as suas frases incompletas, com o seu jeito mortífero.
Tu conheces-me, eu não sou de correr atrás de uma pessoa, eu sou de a deixar ir e esperar que quando ela quiser, voltará, no entanto, contigo tem vindo a ser diferente.
Eu não te quero deixar ir, eu não te quero ver a retomar o teu caminho, sem mim, eu não quero contar os teus passos e não quero sentir o meu coração a quebrar-se, sem ser capaz de o recompor.
Parece-me um cliché, uma moeda de duas faces, uma faca de dois gumes expor os nossos sentimentos, falar de nós, dar a conhecer o nosso passado, as aventuras e desventuras, as quedas, as ilusões e consequentes desilusões a uma pessoa que se atravessa na nossa vida de um dia para o outro, mas foi uma coisa que tu me ensinaste a ver. Essa pessoa não é uma qualquer, é e será sempre (esperamos nós) a melhor surpresa que o destino podia ter guardado para nós.
Portanto, o que é mais preciso para te fazer ficar? Eu espero por ti todas as noites, eu ponho a água do teu duche a correr, cozinho para ti e nunca me mostro descontente.
Dou-te todo o meu amor e não peço nada em troca, porque no amor nada se pede, embora dar sem esperar qualquer retribuição seja uma armadilha que poderá aprisionar-nos nas suas redes, embora seja uma espécie de bomba que poderá não se desamardilhar antes do fim do tempo.
E quando explode, destrói-nos o coração, corrompe-nos a alma. Leva tudo o que é nosso e deixa-nos sem rumo. Transforma-nos em meros farrapos, num mero fantasma daquele foi outrora o nosso amor.
E agora? Quem estará lá para nos levantar da queda? Quem estará lá para unir as peças do puzzle e para consertar as falhas, tapar os buracos, secar as lágrimas?
Não quero que isto me aconteça, não quero que isto nos aconteça.
Não quero ver-te baixar as armas e erguer as paredes do teu mundo para mim,
Não quero ver-te de coração partido e de derrota estampada,
Não quero ver-te longe de mim.
E digo, digo que estamos aparentemente bem ainda que por dentro só nos apeteça sossegar, nos apeteça parar de lutar por um bocado e descansar, descansar da guerra que o mundo, que o tempo parece ter aberto contra nós.
Sabes, eu sinto que te estou a perder, que me estás a fugir do alcance, que estás abrir a porta do meu coração para de lá saíres e prestes a expulsares-me do teu. Sabes, eu sinto que te estou a perder e o medo já não cabe no bolso, o medo já não é disfarçável e imperceptível, o medo encontra-se reflectido nos meus olhos e nada é capaz de o mandar embora.
Sabes, eu sinto que te estou a perder e isso assusta-me.

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