Quero deitar-me naquele jardim deserto, numa noite gelada, coberta pelo teu casaco, apenas a contar as estrelas.

18/09/10

É preciso.

Ás vezes, é preciso partir antes do tempo só para tentar que esse mesmo tempo volte atrás, ou pelo menos o coração o queira fazer.
Ás vezes, é preciso fechar todas as recordações numa gaveta e atirar fora a chave, como se aquilo se tratasse do nosso mais precioso segredo.
Ás vezes, é preciso aprender a perder, a esconder aquilo que nos consome por não o mostrarmos, a falar sem nada dizer.
É só respirar fundo e desejar que aquilo seja o certo, respirar fundo e acreditar que a dor se foi embora juntamente com tudo o resto, respirar fundo, alinhar a cabeça e esquecer o coração.
E custa dizer aquilo que mais se teme dizer, custa e não o nego, aprendi que o mais difícil é sempre aquilo que temos a fazer.
Só nos resta apertar as mãos e entre lágrimas pedir, pedir para que aquilo mude, pedir para que o sorriso renasça, pedir que a dor se vá embora por si só, visto que achamos não sermos capazes de fazer tudo sozinhos.
É melhor desistir, esquecer, limpar a alma e reparar o coração, fazer com que o Mundo pareça melhor amanhã.
Eu só tive que mudar o que não tinha solução, destruí para tentar que reconstruísses tudo do zero.
E queria, queria bater com a porta e apanhar o último comboio sem olhar para trás uma única vez.
E queria, queria jogar tudo borda fora e não querer voltar atrás.
Queimar as cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro característico, as mãos e a cor de pele, o sorriso e o brilho do olhar.
Queria apagar a memória tão facilmente como quem clica no «delete», queria dizer a mim própria que não vais voltar por muito que o meu coração ainda queira que o faças.
E permanece aquela dúvida de que será que fizemos o mais certo, inutilmente, tentamos convencer-nos que sim ainda que uma parte de nós ache que não.
Hoje queria sair pela porta da frente e partir para outro Mundo, sem medo, ainda que o que mais quisesse fosse ficar, permanecer, insistir, lutar e amar.

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