Foi o medo.
O medo que voltou a apoderar-se de mim, a tomar conta da minha vida e eu sei, na verdade, não ofereci resistência, não ergui barreiras, deixei-o entrar, deixei-o fazer o que quisesse.
Foi o medo de voltar a sair magoada, o medo de ouvir o meu coração a quebrar-se e deteriorar-se, dia após dia.
Foi o medo de que as ilusões se transformassem, tão rapidamente, em desilusões, o medo de toda a felicidade ser momentanea, de que desaparecesse tão facilmente quanto surgiu.
Foi o medo de mais noites mal dormidas, onde chorava até o sono me pegar, o medo de mais dias consecutivos á espera que alguém me devolvesse a alma e me lembrasse de onde estava o meu sorriso.
Foi o medo de infidelidades e traições consumadas, o medo de dar entrada por mais um caminho que, achava eu, instantaneamente, sem saída.
E sim, eu sei que fui injusta ao dizer todas aquelas palavras ordenadas que formavam a sentença do nosso fim quando nós quase que ainda nem lhe tínhamos visto o início.
Fui injusta quando não te ouvi com atenção, quando não te deixei apaziguar-me, quando preferi as culpas ás desculpas, sem sequer pensar, por um simples segundo, que poderiam ser álibis fundamentados.
E eram-no, houve uma razão para aquela mensagem ter aparecido no meu telemóvel, houve uma razão e não, não me estavas a enganar, nunca o fizeste, ontem, fui a única a não querer ver isso,
A querer expulsar-te da minha vida, a dizer-te que tinhas tido tudo o que querias, a agir como se não me custasse nada...
Mas custou.
Pensar, pensar sequer que aquilo podia ser para outra pessoa, pensar que não estavas a ser sincero e leal comigo, pensar que naquela tarde mentiste e representaste tão bem quanto um actor, fazia as lágrimas correrem pelo meu rosto e rezar para que houvesse um motivo, para que nada daquilo fosse verdade, para que nos próximos segundos eu acordasse e percebesse que tinha sido um pesadelo.
Tu sabes, eu estou assustada, a luta diária que travo para consertar de vez o meu coração não é fácil,
Tu sabes, as vezes em que desvio o meu olhar e te pareço distante é só porque estou a tentar manter os fantasmas afastados da minha mente.
Eu gosto mesmo de ti e eu quero que saibas que sou honesta, que falo verdade quando o digo mas por coisas do passado, por assuntos enterrados, há coisas que me prendem e que não me deixam baixar totalmente as defesas e deixar-te dar o teu melhor, tal como tentas, dia após dia, sem nunca te mostrares cansado, descontente com o facto.
Tu és lindo, a forma como me sorris deixa-me petrificada, ter as tuas mãos a passear pelo meu cabelo e os teus lábios junto aos meus fazem-me acreditar que nós, nós fomos feitos para estar ali e para não desistir tão cedo.
Não me deixes nunca, não vás nunca, não pares nunca porque tu sabes, meu amor, eu amo-te!
«foi medo»
ResponderEliminar"me lembrasse de onde estava o meu sorriso." querida, está na tua boca. aponta-o.
ResponderEliminaraparte isso, o texto é um dos teus melhores. A sério, Cátia. Não digo/escrevo isto por dizer/escrever: está mesmo muito bom!
Força!
Obrigada por manterem este blog vivo.
ResponderEliminarE sim meu querido, eu sei onde está o meu sorriso, lembraste-me da sua localização tantas vezes!
Oh Cátia, consegues mesmo pôr-me de boca aberta. Essa tua resposta foi muito simpática c:
ResponderEliminarly, CD (:
gostei, imenso, do texto (:
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